segunda-feira, junho 14, 2010

Lumi é grife de beleza em Angola

08/06/2010
Clayton Netz - O Estado de S.Paulo

A fabricante de cosméticos e produtos de beleza Lumi, de São Paulo, levou seu modelo de vendas porta a porta para Angola. A escolha foi estratégica. No país africano, que começa a criar um mercado consumidor após anos de guerra civil (seu PIB bateu na casa dos US$ 70 bilhões em 2009), a empresa não tem concorrentes de porte. Gigantes como a americana Avon e a brasileira Natura não atuam na região. "Fiquei surpresa ao constatar que as angolanas não conhecem nem uma marca internacional como a Avon", diz Selma Antunes, fundadora e sócia da Lumi.

Só depois de dois anos atuando no país a Lumi começou a entender a razão por não ter concorrentes na região. Segundo Selma, Angola é um país a ser construído, cheio de dificuldades e desafios. "Há dias em que falta água e em outros falta luz", diz Selma. Mas ela não desanima, dizendo sentir-se em casa entre os angolanos. "Viramos grife em Angola", afirma. Além de batons e xampus, a Lumi vende canetas, malas de viagem, camisetas, bolsas, porta perfumes, entre outros acessórios estampados com a sua marca.

Outra dificuldade em Angola é encontrar mão de obra qualificada. A Lumi ainda não conseguiu implantar 100% do conceito de venda porta a porta por lá. "No primeiro teste que fizemos, as revendedoras não entenderam como funcionava o sistema", diz. "Elas vendiam as amostras grátis." Mesmo assim, a empresa já conta com 10 mil revendedoras na região, incluindo nessa conta as consultoras de Moçambique, outro país da África em que está presente. Para driblar os problemas, a Lumi, cuja sede está instalada num shopping center em Luanda, a capital angolana, resolveu combinar o porta a porta com os canais tradicionais do varejo. Para atrair o público local, a empresa lançou uma linha especial de cosméticos, xampus e esmaltes para peles negras, que são maioria no país. Entre as novidades, pó compacto e corretivo na cor chocolate. Os esmaltes são coloridíssimos: laranja, verde, azul, vermelho, amarelo.

Além de Angola e Moçambique, a Lumi já está com um pé na Costa do Marfim e outro em Botswana. Na América Latina, tem representantes comerciais na República Dominicana e em El Salvador. Até o final do ano, deve chegar a Portugal, onde negocia com um parceiro local, que deverá atender também o mercado espanhol. "Atualmente, 20% da produção da Lumi é comercializado fora do País", afirma Selma.

Empresa familiar tocada por Selma, o marido, Antônio, e dois filhos, a Lumi foi criada em 2006. Começou produzindo perfumes, item que continua sendo o seu principal produto, responsável por cerca de 60% do faturamento, cujo valor é guardado a sete chaves. Além da marca própria, vendida por um batalhão de 200 mil revendedoras e mil distribuidores, a Lumi fornece produtos personalizados para times de futebol como o Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos, além de atender grifes famosas, cujos nomes não são revelados por cláusulas contratuais.

O aquecimento do mercado brasileiro de beleza e higiene, que movimentou R$ 25 bilhões no ano passado, levou a Lumi a investir na duplicação da área da sua fábrica, localizada na Vila Guilherme, na zona norte da capital paulista, para quatro mil metros quadrados. Atualmente, a produção da Lumi é de 400 mil itens por mês. "Com a ampliação, dobraremos a capacidade de produção", afirma Selma.


AVIAÇÃO COMERCIAL
De uma aérea para a outra

Desde o início do ano, quatro executivos deixaram a cúpula da companhia aérea Webjet. O destino de pelo menos parte desse grupo tornou-se, agora, conhecido. No mês passado, três profissionais - entre eles o ex-presidente, Wagner Ferreira - começaram a trabalhar para a concorrente Passaredo, de Ribeirão Preto (SP). Segundo apurou a repórter Melina Costa, trata-se de um modelo de consultoria de gestão, já que a diretoria e a presidência da empresa regional permanecem as mesmas. A intenção é ajudar a companhia, que detém 0,5% do mercado doméstico de aviação, a se adaptar a uma mudança de frota, com a substituição de aeronaves turboélice para jatos Embraer 145.

IMÓVEIS
Taxa de remuneração deve cair no segundo semestre

Boa notícia para os empresários do setor imobiliários que estão de olho nas operações sale and leaseback: a taxa de remuneração do aluguel pago pelos inquilinos, que atualmente está ao redor de 16% ao ano, deve cair para entre 11,5% e 13% neste segundo semestre no País, segundo a consultoria imobiliária Biswanger Brazil. "A queda no aluguel deve-se a um aumento na liquidez no setor imobiliário, refletindo a melhora do mercado após a crise de 2008", diz Rafael Camargo, diretor da Biswanger. Segundo ele, a tendência para os próximos cinco anos é de que a taxa recue para até 9% anuais.


PESQUISA
A internet bate a TV na decisão de compra

De acordo com a Comscore, empresa especializada na medição de audiência pela web, mais de 28 milhões de brasileiros visitam redes sociais digitais, com uma média de 42 vezes por mês, contra uma média mundial de 24 vezes. Para compreender melhor o impacto desse comportamento sobre os hábitos de consumo, o Centro de Altos Estudos da ESPM, em parceria com o Ibope Inteligência, desenvolveu uma pesquisa no final de 2009, identificando a força das redes sociais em diversas áreas do mercado de consumo no País. O levantamento, feito com 1,2 mil pessoas, mostrou que a internet foi o fator principal na decisão de compra para 46% dos entrevistados, contra 21% atribuídos aos anúncios da televisão. Os detalhes do estudo serão discutidos no I Seminário de Tendências do Consumo Contemporâneo, marcado para amanhã e quarta-feira na sede da ESPM, em São Paulo.


TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Antiga Mafersa passa a falar alemão

A MWL, fabricante paulista de rodas de trens e eixos, que acaba de ser comprada pelo grupo siderúrgico alemão Georgsmarienhütte Holding (GmbH) por US$ 80 milhões, teve seu auge nos anos 1980, quando se chamava Mafersa e estava sob controle estatal. Mais tarde, na década de 1990, a Mafersa, em dificuldades por causa da escassez de encomendas do setor ferroviário, foi adquirida por um grupo de ex-funcionários e mudou de nome. Passou a se chamar MWL, mas os problemas continuaram. Segundo o executivo alemão Bernhard Kochanneck, novo diretor financeiro da MWL, sua compra pelo grupo GmbH significa uma aposta em dias melhores para a rede ferroviária brasileira.

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