Valor Económico Fernando Teixeira, de São Paulo
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A Camargo Corrêa Cimentos anunciou no fim de semana seu segundo investimento na África este ano, a aquisição de uma fábrica de médio porte localizada na cidade de Nacala, ao norte de Moçambique. No início do ano, a empresa havia lançado a pedra fundamental de uma unidade em Angola, em sociedade com grupos locais e portugueses. A fábrica em Moçambique foi comprada de um grupo local, o Insitec, que continua no negócio com 49% das ações - 51% foram para a Camargo. Com capacidade de produção de 350 mil toneladas de cimento ao ano, a unidade foi inaugurada em 2009. Até agora o grupo Camargo Corrêa atuava em Moçambique apenas como construtora. Participa do projeto de uma mina de carvão da Vale do Rio Doce na província de Moatize, no oeste do país - um investimento de US$ 1,3 bilhão, com capacidade para 11 milhões de toneladas/ano. Em energia, a Camargo tem um contrato de US$ 1,5 bilhão para erguer a hidrelétrica de Mphanda Nkuwa, com capacidade de até 2,3 mil MW. O governo local fala em planos para duas novas hidrelétricas e uma térmica, orçada em US$ 2,8 bilhões. O projeto do governo moçambicano é usar seu potencial energético - tanto térmico como hidrelétrico - para vender energia a vizinhos, notadamente África do Sul. E quer atrair indústrias eletrointensivas, como fundições de alumínio, de ferro-ligas e fábricas de cimento. Em Angola, a Camargo iniciou neste ano a obra de uma fábrica de cimento que exigirá investimentos de US$ 200 milhões. A unidade vai operar sob a marca Palanca. Além de Camargo, devem entrar como sócios o grupo angolano Gema e a Escom, divisão de investimentos do Banco Espírito Santo. A Cimpor - cimenteira portuguesa em que a Camargo tem perto de 33% de participação -, com atuação em 13 países, também tem operações na África. A maior parte de suas unidades está no norte do continente, mas opera também na África do Sul e em Moçambique. A unidade moçambicana da Cimpor fica em Matola, no extremo sul do país - e tem o dobro da capacidade da fábrica adquirida pela Camargo. A Cimpor está erguendo uma segunda unidade no país. Além da aquisição da fatia da Cimpor este ano, a Camargo comprou em 2005 a Loma Negra, na Argentina. Hoje, das 16 fábricas do grupo, nove estão na Argentina e sete no Brasil. O faturamento da Camargo Corrêa Cimentos em 2009 foi de R$ 2,3 bilhões. |
segunda-feira, junho 14, 2010
Camargo amplia negócios na África
Lumi é grife de beleza em Angola
A fabricante de cosméticos e produtos de beleza Lumi, de São Paulo, levou seu modelo de vendas porta a porta para Angola. A escolha foi estratégica. No país africano, que começa a criar um mercado consumidor após anos de guerra civil (seu PIB bateu na casa dos US$ 70 bilhões em 2009), a empresa não tem concorrentes de porte. Gigantes como a americana Avon e a brasileira Natura não atuam na região. "Fiquei surpresa ao constatar que as angolanas não conhecem nem uma marca internacional como a Avon", diz Selma Antunes, fundadora e sócia da Lumi.
Só depois de dois anos atuando no país a Lumi começou a entender a razão por não ter concorrentes na região. Segundo Selma, Angola é um país a ser construído, cheio de dificuldades e desafios. "Há dias em que falta água e em outros falta luz", diz Selma. Mas ela não desanima, dizendo sentir-se em casa entre os angolanos. "Viramos grife em Angola", afirma. Além de batons e xampus, a Lumi vende canetas, malas de viagem, camisetas, bolsas, porta perfumes, entre outros acessórios estampados com a sua marca.
Outra dificuldade em Angola é encontrar mão de obra qualificada. A Lumi ainda não conseguiu implantar 100% do conceito de venda porta a porta por lá. "No primeiro teste que fizemos, as revendedoras não entenderam como funcionava o sistema", diz. "Elas vendiam as amostras grátis." Mesmo assim, a empresa já conta com 10 mil revendedoras na região, incluindo nessa conta as consultoras de Moçambique, outro país da África em que está presente. Para driblar os problemas, a Lumi, cuja sede está instalada num shopping center em Luanda, a capital angolana, resolveu combinar o porta a porta com os canais tradicionais do varejo. Para atrair o público local, a empresa lançou uma linha especial de cosméticos, xampus e esmaltes para peles negras, que são maioria no país. Entre as novidades, pó compacto e corretivo na cor chocolate. Os esmaltes são coloridíssimos: laranja, verde, azul, vermelho, amarelo.
Além de Angola e Moçambique, a Lumi já está com um pé na Costa do Marfim e outro em Botswana. Na América Latina, tem representantes comerciais na República Dominicana e em El Salvador. Até o final do ano, deve chegar a Portugal, onde negocia com um parceiro local, que deverá atender também o mercado espanhol. "Atualmente, 20% da produção da Lumi é comercializado fora do País", afirma Selma.
Empresa familiar tocada por Selma, o marido, Antônio, e dois filhos, a Lumi foi criada em 2006. Começou produzindo perfumes, item que continua sendo o seu principal produto, responsável por cerca de 60% do faturamento, cujo valor é guardado a sete chaves. Além da marca própria, vendida por um batalhão de 200 mil revendedoras e mil distribuidores, a Lumi fornece produtos personalizados para times de futebol como o Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos, além de atender grifes famosas, cujos nomes não são revelados por cláusulas contratuais.
O aquecimento do mercado brasileiro de beleza e higiene, que movimentou R$ 25 bilhões no ano passado, levou a Lumi a investir na duplicação da área da sua fábrica, localizada na Vila Guilherme, na zona norte da capital paulista, para quatro mil metros quadrados. Atualmente, a produção da Lumi é de 400 mil itens por mês. "Com a ampliação, dobraremos a capacidade de produção", afirma Selma.
AVIAÇÃO COMERCIAL
De uma aérea para a outra
Desde o início do ano, quatro executivos deixaram a cúpula da companhia aérea Webjet. O destino de pelo menos parte desse grupo tornou-se, agora, conhecido. No mês passado, três profissionais - entre eles o ex-presidente, Wagner Ferreira - começaram a trabalhar para a concorrente Passaredo, de Ribeirão Preto (SP). Segundo apurou a repórter Melina Costa, trata-se de um modelo de consultoria de gestão, já que a diretoria e a presidência da empresa regional permanecem as mesmas. A intenção é ajudar a companhia, que detém 0,5% do mercado doméstico de aviação, a se adaptar a uma mudança de frota, com a substituição de aeronaves turboélice para jatos Embraer 145.
IMÓVEIS
Taxa de remuneração deve cair no segundo semestre
Boa notícia para os empresários do setor imobiliários que estão de olho nas operações sale and leaseback: a taxa de remuneração do aluguel pago pelos inquilinos, que atualmente está ao redor de 16% ao ano, deve cair para entre 11,5% e 13% neste segundo semestre no País, segundo a consultoria imobiliária Biswanger Brazil. "A queda no aluguel deve-se a um aumento na liquidez no setor imobiliário, refletindo a melhora do mercado após a crise de 2008", diz Rafael Camargo, diretor da Biswanger. Segundo ele, a tendência para os próximos cinco anos é de que a taxa recue para até 9% anuais.
PESQUISA
A internet bate a TV na decisão de compra
De acordo com a Comscore, empresa especializada na medição de audiência pela web, mais de 28 milhões de brasileiros visitam redes sociais digitais, com uma média de 42 vezes por mês, contra uma média mundial de 24 vezes. Para compreender melhor o impacto desse comportamento sobre os hábitos de consumo, o Centro de Altos Estudos da ESPM, em parceria com o Ibope Inteligência, desenvolveu uma pesquisa no final de 2009, identificando a força das redes sociais em diversas áreas do mercado de consumo no País. O levantamento, feito com 1,2 mil pessoas, mostrou que a internet foi o fator principal na decisão de compra para 46% dos entrevistados, contra 21% atribuídos aos anúncios da televisão. Os detalhes do estudo serão discutidos no I Seminário de Tendências do Consumo Contemporâneo, marcado para amanhã e quarta-feira na sede da ESPM, em São Paulo.
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Antiga Mafersa passa a falar alemão
Rio de Janeiro é a cidade mais cara das Américas, diz estudo
DA FRANCE PRESSE, EM PARIS
DE SÃO PAULO
14/06/2010
Tóquio é a cidade mais cara do mundo para os estrangeiros que lá vivem e o Rio de Janeiro, a mais cara do continente americano, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira em Paris pela consultoria britânica ECA. Além disso, Londres deixou de figurar entre as primeiras cinquenta da lista.
O estudo, feito antes da queda do euro, mede os preços de bens de consumo e serviços (moradia, alimentação, transporte, vestimenta, lazer, etc) de 400 cidades do mundo.
Depois de Tóquio, o segundo lugar é ocupado por Oslo (Noruega) e o terceiro por Luanda (Angola). No continente americano, Rio de Janeiro aparece em primeira posição.
"Contrastando com o ano anterior, o aumento da demanda por matérias-primas reforçou o valor do real e permitiu às cidades brasileiras subir na classificação", afirma o relatório.
O Rio, que ocupa neste ano a 28ª posição no ranking global, havia ficado em 132º na lista de 2009.
Madri e Barcelona, na Espanha, estão, respectivamente, na 34ª e 35ª colocação entre as cidades europeias, e em 68º e 71º lugares no ranking mundial.
A grande surpresa do estudo foi Londres, que ficou em 78º lugar e já não faz parte das primeiras 50 cidades.
Durante muito tempo, Londres ficou entre as capitais onde o custo de vida era um dos mais elevados.
Luanda, antigo líder da classificação, caiu ao terceiro lugar, e Paris ao décimo sexto. Nenhuma cidade americana está entre as 25 primeiras cidades. Nova York ficou no 48º lugar.
"A queda do dólar acarretou uma leve alta do custo de vida na maioria das cidades da América do Norte", explica a ECA.
"A fragilidade da libra esterlina (...) provocou uma diminuição dos preços para aqueles que visitam o Reino Unido", afirma o relatório. Como consequência, "Londres está mais barata que outras cidades europeias como Munique, Amsterdã ou Bruxelas", afirma.
Cinco cidades africanas estão entre as 25 primeiras: além de Luanda, Libreville (Gabão) está no 13º posto, Abidjan (Costa do Marfim) no 17º, Abuja (Nigéria) no 18º e Kinshasa (Congo) em 23º. Com a exceção de Abidjan, as outras quatro cidades estão em regiões produtoras e exportadoras de petróleo.
O ranking das primeiras 50 é encerrado por Atenas.
"A flutuação das moedas continua sendo o fato mais influente na evolução do custo de vida", conclui a investigação realizada entre março de 2009 e março de 2010.
Veja a classificação 20 cidades mais caras do mundo:
1º Tóquio (Japão)
2º Oslo (Noruega)
3º Luanda (Angola)
4º Nagóia (Japão)
5º Yokohama (Japão)
6º Stavanger (Noruega)
7º Kobe (Japão)
8º Copenhague (Dinamarca)
9º Genebra (Suíça)
10º Zurique (Suíça)
11º Berna (Suíça)
12º Basileia (Suíça)
13º Libreville (Gabão)
14º Helsinki (Finlândia)
15º Moscou (Rússia)
16º Paris (França)
17º Abidjan (Costa do Marfim)
18º Abuja (Nigéria)
19º Tel Aviv (Israel)
20º Seul (Coreia do Sul)
sexta-feira, junho 04, 2010
Projeção para alta do PIB em 2010 sobe para 6,46%
O mercado financeiro promoveu mais uma significativa elevação na estimativa para o crescimento da economia brasileira em 2010. De acordo com a pesquisa semanal Focus, divulgada hoje pelo Banco Central (BC), a mediana das estimativas de alta do Produto Interno Bruto (PIB) para 2010 passou de 6,30% para 6,46%. Foi a décima elevação seguida nessa projeção. Para 2011, o mercado mantém sua projeção de alta de 4,5% para o PIB.
Os analistas também puxaram para cima suas estimativas para a produção industrial em 2010, de 10,40% para 10,90%, no décimo terceiro movimento de alta nessa projeção. Mas para 2011, o mercado segue esperando a produção industrial crescendo bem menos, 5%.
Acompanhando a alta nas projeções do PIB, segue o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cujas expectativas foram elevadas pela 18ª semana consecutiva. A mediana das estimativas para o IPCA 2010 subiu de forma mais incisiva, passando de 5,54% para 5,67%. Contudo, para os próximos 12 meses (suavizada) e para o ano calendário de 2011 as projeções para o IPCA seguiram estáveis em respectivamente 4,81% e 4,80%.
O mercado estima para maio uma alta de 0,45% para o IPCA, ante 0,42% na semana anterior. Para junho, o mercado mantém a previsão de alta de 0,30% para o IPCA. De acordo com a Focus, a mediana das estimativas para o IPC-Fipe 2010 caiu de 5,50% para 5,45%, mas manteve-se estável em 4,50% para 2011.
O mercado elevou de 8,43% para 8,73% a projeção de inflação medida pelo Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) em 2010. Foi a sexta alta seguida para este indicador. Para 2011, o mercado segue trabalhando com inflação de 5% no IGP-DI.
Para o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), o mercado elevou pela décima nona vez seguida a projeção para 2010, passando de 8,56% para 8,75%. Para 2011, discreta elevação, de 4,98% para 5%.
Em relação aos preços administrados, a pesquisa Focus, divulgada há pouco pelo Banco Central, mostrou recuo na projeção para 2010, de 3,60% para 3,50%, mas elevação na estimativa para 2011, de 4,53% para 4,60%.
Juros
O mercado manteve suas projeções para a taxa de juros básica (Selic) no fim de 2010 e de 2011 em, respectivamente, 11,75% e 11,50%. Para a Selic média de 2010 também não houve alteração, com a estimativa mantendo-se em 10,44%. Mas, para 2011, a expectativa de Selic média subiu de 11,70% para 11,75% ao ano, refletindo o movimento dos analistas que esperam que a taxa básica comece a recuar do pico de 12% ao ano em 2011 somente em setembro do ano que vem, e não a partir de julho, como mostrava a Focus da semana passada.
Para a taxa de câmbio, os analistas mantiveram praticamente todas as suas projeções anteriores. Assim, para o fim de 2010, mercado trabalha com o dólar cotado a R$ 1,80, e, para o fim de 2011, em R$ 1,85. Para o câmbio médio, a previsão para 2010 segue em R$ 1,80 e, para 2011, recuou de R$ 1,85 para R$ 1,84. Os analistas mantiveram inalterados seus cenários para a relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB) em 2010 e 2011, que seguem em, respectivamente, 41% e 39,50%.
Contas externas - O mercado reduziu suas estimativas de déficit na conta corrente do balanço de pagamentos em 2010 e 2011. Para este ano, a expectativa dos analistas é de um déficit externo de US$ 48,05 bilhões, ante US$ 49,25 bilhões na semana passada. Para 2011, a estimativa de déficit passou de US$ 58,85 bilhões para US$ 57 bilhões.
O mercado elevou sua projeção de superávit na balança comercial de 2010, de US$ 13,75 bilhões para US$ 14,54 bilhões, enquanto reduziu a projeção para 2011 de US$ 5,30 bilhões para US$ 4,50 bilhões. Em relação ao ingresso líquido de Investimento Estrangeiro Direto (IED) o mercado reduziu sua estimativa de US$ 38 bilhões para US$ 37 bilhões em 2010, mas manteve em US$ 40 bilhões a projeção para 2011.
quarta-feira, junho 02, 2010
Angola reforça plantações de cana-do-açucar
BBC - África
02 Junho, 2010 - Publicado às 01:20 GMT
Louise Redvers
Correspondente da BBC em Luanda
Angola espera em breve começar a produzir o seu próprio açúcar, a primeira vez que acontece desde a independência em 1975.
A Biocom é uma joint-venture entre a construtora brasileira Odebrecht, o grupo angolano Damer e a empresa petrolífera estatal Sonangol, e vale cerca de 220 milhões de dólares.
A cana-do-açúcar será processada numa fábrica que está a ser construída junto a uma plantação de 30 mil hectares para a produção de açúcar, etanol industrial e electricidade produzida a partir da queima dos restos das canas.
A repórter da BBC Louise Redvers deslocou-se à sede da Biocom, perto de Cacuso, na província de Malange e falou com Camilo Gomes, desta joint-venture.
Camilo Gomes disse que as condições na região eram perfeitas para este cultivo.
Até ao momento já foram plantados 1.200 hectares de cana e o objectivo é chegar aos 4 mil hectares até setembro para a primeira colheita.
Apenas uma equipa está a trabalhar na plantação. Todos os estão ocupados na construção da fábrica e dos armazéns onde o açúcar e o etanol serão processados e armazenados.
Iniciativa
Esta joint-venture é um exemplo da nova onda de projectos agro-industriais em Angola que combinam agricultura básica com tecnologia.
No início deste ano os angolanos aprovaram uma nova lei que permite a produção de biocombustíveis e esse poderá ser o objectivo último da Biocom.
Mas Camilo Gomes sublinhou que no curto e médio prazo o objectivo é a produção de açúcar embora admitindo existir a possibilidade de se produzir biocombustível pois a empresa tem capacidade técnica para isso.