sexta-feira, julho 30, 2010

Camargo Corrêa monta fábrica em Angola

Valor Econômico
Ivo Ribeiro, de São Paulo
29/07/2010
Ricardo Benichio/Valor

Cimento: Investimento com parceiros será superior a US$ 400 milhões para fazer 1,6 milhão de toneladas ao ano

Barros Franco, presidente do conselho da Camargo Corrêa Cimentos: investimento visa suprir a forte demanda do mercado local, atendida com importações

Em sua estratégia de expansão internacional no negócio de cimento, o grupo Camargo Corrêa definiu parceria esta semana em investimento superior a US$ 400 milhões para erguer uma fábrica em Angola, país africano onde tem grande atuação em obras de construção pesada e imobiliárias. Este é o segundo movimento do grupo brasileiro em pouco mais de um mês na África: em junho adquiriu o controle de uma cimenteira em Moçambique.

Em Angola, a controlada Camargo Corrêa Cimentos (CCC) terá como sócios no empreendimento a Escom, braço de investimento do grupo português Espírito Santo, e o grupo angolano Gema. A joint venture Camargo Corrêa Escom terá 60% do projeto e a Gema os 40% restantes, explicou ao Valor, de Lisboa (Portugal), José Édison Barros Franco, presidente do conselho da CCC e diretor-executivo do grupo.

Com capacidade de produção de 1,6 milhão de toneladas por ano, a fábrica será instalada em Lobito, cidade ao sul da capital Luanda, na província de Benguela. O investimento vai contemplar ainda um terminal portuário e geração de energia. O projeto já conta com uma grande jazida de calcário, matéria-prima para produção de cimento, que está situada na região.

Segundo explicou Franco, o mercado angolano de cimento está em ampla expansão. Nos últimos anos, tornou-se um grande importador de cimento - comprou 11 milhões de toneladas em 2009. Conta apenas com uma fabricante local, a Sonangol, que também recorre à importação para abastecer a demanda interna.

Segundo o executivo, a fábrica deverá ser construída no prazo de 30 a 36 meses. Com nome de Palanca Cimentos, prevê geração de 550 empregos na áreas fabril e administrativa. Para iniciar o chamado pré-marketing do produto, que será vendido com a marca Palanca, a empresa já importou dois lotes de cimento, de 25 mil toneladas cada um, da África do Sul, e poderá importar mais.

Franco informou que o grupo vai avaliar novos investimentos em outros países africanos, em especial na região de livre comércio recém-formada, a SADC (Southern Africa Development Committee), que reúne 13 nações, entre as quais Angola, Namíbia, Moçambique, Zimbábue, Zâmbia, com sede em Botsuana. "Há um potencial enorme nessa região, com população de 300 milhões de pessoas e PIB elevado".

Em outra frente de crescimento, na América do Sul, amanhã o grupo lança a pedra fundamental do projeto de US$ 100 milhões em uma fábrica no Paraguai, mercado que abastecia com importação. Com capacidade de 400 mil toneladas, a unidade industrial - Cimento Yguazú - ficará na cidade de Villa Hayes, às margens do rio Paraguai, a cerca de 30 km da capital Assunção.

O empreendimento, um dos maiores investimentos privados no país, deverá entrar em operação em 2012. O evento terá a presença do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e do paraguaio Fernando Lugo.

A produção de cimento está entre os quatro negócios eleitos pela Camargo Corrêa como foco de atuação, ao lado de construção e engenharia, energia elétrica e concessões de rodovias. O plano de investimentos, apenas na atividade cimenteira, entre 2010 e 2014, foi recentemente definido em R$ 14 bilhões no mundo. Esse valor inclui a aquisição de quase 33% da portuguesa Cimpor no início deste ano por R$ 3,5 bilhões. A Cimpor está entre as dez maiores do mundo, apta a fabricar 32 milhões de toneladas de cimento por ano.

Segundo Franco, boa parte desse investimento vai contemplar uma forte expansão no Brasil, um dos mercados onde o consumo de cimento mais cresce e onde a CCC é a quarta maior fabricante do produto. Neste ano, o crescimento da demanda deve ficar em 15% e atingir 58 milhões de toneladas. "Deveremos fazer quatro novas unidades, ainda sem locais definidos, além de ampliar a capacidade das fábricas existentes no país".

Na Argentina, o plano abarca a expansão de unidades da Loma Negra, ativo adquirido em 2005 por mais de US$ 1 bilhão e que dobrou o tamanho do grupo brasileiro nesse negócio. No Peru, Colômbia e Chile, disse o executivo, o grupo quer entrar via aquisições.

Com esse investimento, a Camargo Corrêa estima adicionar 28 milhões de toneladas de cimento à sua capacidade atual, incluindo a participação de 33% na Cimpor (a grosso modo, mais de 10 milhões de toneladas). Hoje, tem 16 fábricas na América Latina, com capacidade para 13 milhões de toneladas/ano. No ano passado, vendeu 10,2 milhões de toneladas, com receita líquida de R$ 2,36 bilhões.

segunda-feira, junho 14, 2010

Camargo amplia negócios na África

Valor Económico

Fernando Teixeira, de São Paulo
14/06/2010

A Camargo Corrêa Cimentos anunciou no fim de semana seu segundo investimento na África este ano, a aquisição de uma fábrica de médio porte localizada na cidade de Nacala, ao norte de Moçambique. No início do ano, a empresa havia lançado a pedra fundamental de uma unidade em Angola, em sociedade com grupos locais e portugueses. A fábrica em Moçambique foi comprada de um grupo local, o Insitec, que continua no negócio com 49% das ações - 51% foram para a Camargo. Com capacidade de produção de 350 mil toneladas de cimento ao ano, a unidade foi inaugurada em 2009.

Até agora o grupo Camargo Corrêa atuava em Moçambique apenas como construtora. Participa do projeto de uma mina de carvão da Vale do Rio Doce na província de Moatize, no oeste do país - um investimento de US$ 1,3 bilhão, com capacidade para 11 milhões de toneladas/ano. Em energia, a Camargo tem um contrato de US$ 1,5 bilhão para erguer a hidrelétrica de Mphanda Nkuwa, com capacidade de até 2,3 mil MW. O governo local fala em planos para duas novas hidrelétricas e uma térmica, orçada em US$ 2,8 bilhões.

O projeto do governo moçambicano é usar seu potencial energético - tanto térmico como hidrelétrico - para vender energia a vizinhos, notadamente África do Sul. E quer atrair indústrias eletrointensivas, como fundições de alumínio, de ferro-ligas e fábricas de cimento.

Em Angola, a Camargo iniciou neste ano a obra de uma fábrica de cimento que exigirá investimentos de US$ 200 milhões. A unidade vai operar sob a marca Palanca. Além de Camargo, devem entrar como sócios o grupo angolano Gema e a Escom, divisão de investimentos do Banco Espírito Santo.

A Cimpor - cimenteira portuguesa em que a Camargo tem perto de 33% de participação -, com atuação em 13 países, também tem operações na África. A maior parte de suas unidades está no norte do continente, mas opera também na África do Sul e em Moçambique. A unidade moçambicana da Cimpor fica em Matola, no extremo sul do país - e tem o dobro da capacidade da fábrica adquirida pela Camargo. A Cimpor está erguendo uma segunda unidade no país.

Além da aquisição da fatia da Cimpor este ano, a Camargo comprou em 2005 a Loma Negra, na Argentina. Hoje, das 16 fábricas do grupo, nove estão na Argentina e sete no Brasil. O faturamento da Camargo Corrêa Cimentos em 2009 foi de R$ 2,3 bilhões.

Lumi é grife de beleza em Angola

08/06/2010
Clayton Netz - O Estado de S.Paulo

A fabricante de cosméticos e produtos de beleza Lumi, de São Paulo, levou seu modelo de vendas porta a porta para Angola. A escolha foi estratégica. No país africano, que começa a criar um mercado consumidor após anos de guerra civil (seu PIB bateu na casa dos US$ 70 bilhões em 2009), a empresa não tem concorrentes de porte. Gigantes como a americana Avon e a brasileira Natura não atuam na região. "Fiquei surpresa ao constatar que as angolanas não conhecem nem uma marca internacional como a Avon", diz Selma Antunes, fundadora e sócia da Lumi.

Só depois de dois anos atuando no país a Lumi começou a entender a razão por não ter concorrentes na região. Segundo Selma, Angola é um país a ser construído, cheio de dificuldades e desafios. "Há dias em que falta água e em outros falta luz", diz Selma. Mas ela não desanima, dizendo sentir-se em casa entre os angolanos. "Viramos grife em Angola", afirma. Além de batons e xampus, a Lumi vende canetas, malas de viagem, camisetas, bolsas, porta perfumes, entre outros acessórios estampados com a sua marca.

Outra dificuldade em Angola é encontrar mão de obra qualificada. A Lumi ainda não conseguiu implantar 100% do conceito de venda porta a porta por lá. "No primeiro teste que fizemos, as revendedoras não entenderam como funcionava o sistema", diz. "Elas vendiam as amostras grátis." Mesmo assim, a empresa já conta com 10 mil revendedoras na região, incluindo nessa conta as consultoras de Moçambique, outro país da África em que está presente. Para driblar os problemas, a Lumi, cuja sede está instalada num shopping center em Luanda, a capital angolana, resolveu combinar o porta a porta com os canais tradicionais do varejo. Para atrair o público local, a empresa lançou uma linha especial de cosméticos, xampus e esmaltes para peles negras, que são maioria no país. Entre as novidades, pó compacto e corretivo na cor chocolate. Os esmaltes são coloridíssimos: laranja, verde, azul, vermelho, amarelo.

Além de Angola e Moçambique, a Lumi já está com um pé na Costa do Marfim e outro em Botswana. Na América Latina, tem representantes comerciais na República Dominicana e em El Salvador. Até o final do ano, deve chegar a Portugal, onde negocia com um parceiro local, que deverá atender também o mercado espanhol. "Atualmente, 20% da produção da Lumi é comercializado fora do País", afirma Selma.

Empresa familiar tocada por Selma, o marido, Antônio, e dois filhos, a Lumi foi criada em 2006. Começou produzindo perfumes, item que continua sendo o seu principal produto, responsável por cerca de 60% do faturamento, cujo valor é guardado a sete chaves. Além da marca própria, vendida por um batalhão de 200 mil revendedoras e mil distribuidores, a Lumi fornece produtos personalizados para times de futebol como o Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos, além de atender grifes famosas, cujos nomes não são revelados por cláusulas contratuais.

O aquecimento do mercado brasileiro de beleza e higiene, que movimentou R$ 25 bilhões no ano passado, levou a Lumi a investir na duplicação da área da sua fábrica, localizada na Vila Guilherme, na zona norte da capital paulista, para quatro mil metros quadrados. Atualmente, a produção da Lumi é de 400 mil itens por mês. "Com a ampliação, dobraremos a capacidade de produção", afirma Selma.


AVIAÇÃO COMERCIAL
De uma aérea para a outra

Desde o início do ano, quatro executivos deixaram a cúpula da companhia aérea Webjet. O destino de pelo menos parte desse grupo tornou-se, agora, conhecido. No mês passado, três profissionais - entre eles o ex-presidente, Wagner Ferreira - começaram a trabalhar para a concorrente Passaredo, de Ribeirão Preto (SP). Segundo apurou a repórter Melina Costa, trata-se de um modelo de consultoria de gestão, já que a diretoria e a presidência da empresa regional permanecem as mesmas. A intenção é ajudar a companhia, que detém 0,5% do mercado doméstico de aviação, a se adaptar a uma mudança de frota, com a substituição de aeronaves turboélice para jatos Embraer 145.

IMÓVEIS
Taxa de remuneração deve cair no segundo semestre

Boa notícia para os empresários do setor imobiliários que estão de olho nas operações sale and leaseback: a taxa de remuneração do aluguel pago pelos inquilinos, que atualmente está ao redor de 16% ao ano, deve cair para entre 11,5% e 13% neste segundo semestre no País, segundo a consultoria imobiliária Biswanger Brazil. "A queda no aluguel deve-se a um aumento na liquidez no setor imobiliário, refletindo a melhora do mercado após a crise de 2008", diz Rafael Camargo, diretor da Biswanger. Segundo ele, a tendência para os próximos cinco anos é de que a taxa recue para até 9% anuais.


PESQUISA
A internet bate a TV na decisão de compra

De acordo com a Comscore, empresa especializada na medição de audiência pela web, mais de 28 milhões de brasileiros visitam redes sociais digitais, com uma média de 42 vezes por mês, contra uma média mundial de 24 vezes. Para compreender melhor o impacto desse comportamento sobre os hábitos de consumo, o Centro de Altos Estudos da ESPM, em parceria com o Ibope Inteligência, desenvolveu uma pesquisa no final de 2009, identificando a força das redes sociais em diversas áreas do mercado de consumo no País. O levantamento, feito com 1,2 mil pessoas, mostrou que a internet foi o fator principal na decisão de compra para 46% dos entrevistados, contra 21% atribuídos aos anúncios da televisão. Os detalhes do estudo serão discutidos no I Seminário de Tendências do Consumo Contemporâneo, marcado para amanhã e quarta-feira na sede da ESPM, em São Paulo.


TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Antiga Mafersa passa a falar alemão

A MWL, fabricante paulista de rodas de trens e eixos, que acaba de ser comprada pelo grupo siderúrgico alemão Georgsmarienhütte Holding (GmbH) por US$ 80 milhões, teve seu auge nos anos 1980, quando se chamava Mafersa e estava sob controle estatal. Mais tarde, na década de 1990, a Mafersa, em dificuldades por causa da escassez de encomendas do setor ferroviário, foi adquirida por um grupo de ex-funcionários e mudou de nome. Passou a se chamar MWL, mas os problemas continuaram. Segundo o executivo alemão Bernhard Kochanneck, novo diretor financeiro da MWL, sua compra pelo grupo GmbH significa uma aposta em dias melhores para a rede ferroviária brasileira.