domingo, fevereiro 28, 2010

Ônibus e caminhões se voltam para a África


Estadão 23/01/2010

Os fabricantes brasileiros de caminhões e ônibus estão voltando carga total para o potencial do mercado africano. Se, no ano passado, em decorrência da crise, as vendas no continente chegaram a cair em torno de 30%, a expectativa para 2010 é tão boa que prevê recuperar os patamares de 2008. A África é hoje o segundo destino de chassis de ônibus brasileiros; sendo superada apenas pelos próprios países da América Latina, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior.

A antiga Volkswagen Caminhões e Ônibus, atual MAN Latin America, está concentrando suas vendas nos países emergentes localizados na África e na América Latina. Com uma presença já forte em Angola, na África do Sul e na Nigéria, o fabricante começa a investir para ampliar sua presença na parte ocidental do continente onde, pelo menos até agora, os veículos são importados diretamente do Brasil.

Angola é o terceiro destino das exportações dos caminhões e ônibus da Volks; depois de México e Argentina. No ano passado, foram para lá 745 veículos. O país, onde já circulam 5.000 caminhões e ônibus da Volks, continua sendo um ponto preferencial para a empresa.

"As previsões são de que o PIB de Angola pode crescer até 25%, e isso aumentará muito a demanda. Nossa expectativa é aumentar a presença no centro e no sul do continente e, no fim do ano, estaremos indo para o Norte da África. Na Nigéria, por exemplo, estamos entrando com a venda de caminhões para o transporte de bebidas; em outros países, temos fornecido para a construção civil", conta Antonio Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America. Entre os mercados ao Norte estão Tunísia, Argélia e Egito.

Uma outra mudança que vem ocorrendo na África diz respeito aos clientes. Se antes os maiores compradores eram os próprios governos, agora as empresas privadas vêm ocupando este espaço. "Em muitos casos, nossos clientes são mesmo empresas brasileiras que atuam na África; muitas delas, empreiteiras", diz Cortes. Segundo o presidente da MAN Latin America, há poucas diferenças entre o produto oferecido aqui no Brasil e na África. A maior variação está mesmo na mão inglesa, à direita. Assim, os veículos com essa característica são produzidos na África do Sul.

No caso da Marcopolo - fabricante de carrocerias - a Copa do Mundo na África do Sul acabou ajudando bastante. A empresa ganhou uma licitação e já entregou 143 unidades. Mais outras 460, com chassi Mercedes-Benz , irão até o meio do ano. A capacidade da fábrica instalada lá aumentou de 700 para 1.200 unidades/ano; mas parte dos ônibus será fabricada aqui no Brasil.

"A nossa expectativa de crescimento é de 30% em função da Copa do Mundo e de operações nas cidades de Cape Town e Port Elizabeth", comenta o diretor da operação da Marcopolo na África do Sul, Gelson Zardo.

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